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Astrologia, previsões, morte e fim do mundo

A astrologia pode prever a morte?

Seja com base em interpretação de textos religiosos, em mensagens mediúnicas ou em dados supostamente científicos, sempre há uma previsão de fim de mundo circulando por aí. Algumas até rendem filmes bem-produzidos e algum entretenimento.

Astrologia, previsões, morte e fim do mundo

 

As pessoas sempre se esquecem das profecias, a menos que se realizem.        Elizabeth Eleanor Atwood

Na astrologia e na vida as coisas acontecem em ciclos, como as previsões apocalípticas que surgem com relativa frequência desde os tempos antigos, sendo que hoje costumam ganhar destaque nos meios de comunicação. Aliás, já faz tempo que não temos um caso como o do calendário Maia que, segundo alguns, previa o fim do mundo para 2012. Foram semanas de matérias em jornais, revistas e programas de tv, com estudiosos, místicos e supostos especialistas em escrituras antigas.

Pois é, como deu pra perceber, o mundo não acabou e as previsões também não acabaram. Seja com base em interpretação de textos religiosos, em mensagens mediúnicas ou em dados supostamente científicos, dando conta que um asteroide ou um planeta desconhecido estaria em rota de colisão com a Terra, sempre há uma previsão de fim de mundo circulando por aí. Algumas até rendem filmes bem-produzidos e algum entretenimento.

É um assunto delicado que deve ser tratado como uma questão ética e que suscita algumas perguntas: O mapa astral pode revelar a data da morte? A astrologia pode prever eventos dessa magnitude? Se pode, deve prever? Bom, por um lado, a previsão pode ser útil em certas circunstâncias. Por exemplo, se a pessoa se utiliza da técnica da astrologia clássica para saber quantos anos vai viver, ela pode aproveitar melhor o tempo de que dispõe. E se a comunidade científica tivesse ouvido o astrólogo Boris Kristof, que dois anos antes do coronavírus previu a grande pandemia, talvez muitas mortes tivessem sido evitadas. Infelizmente, ele foi ignorado, talvez por ter sido um dos poucos ou mesmo o único a alertar especificamente para o perigo.  

Por outro lado, na maioria dos casos, a previsão da morte, pessoal ou coletiva, não traz benefícios. Em nossos dias, traz medo e estresse, no passado, várias previsões feitas por astrólogos ou estudiosos de astrologia tiveram resultados desastrosos. Afinal, as pessoas não tinham como se informar e a previsão se misturava aos boatos, o que aumentava ainda mais o pânico da população, causando desordem social e tragédias.

Em 1179, o astrólogo João de Toledo previu o fim do mundo, que seria causado pela água, em 1186. Então, como as pessoas esperaram pelo fim do mundo durante sete anos, a tensão foi crescendo à medida que o dia foi se aproximando, até que muitos entraram em desespero, enquanto outros se aproveitavam e saquearam as casas que haviam sido abandonadas. Ocorreram também alguns casos de suicídio.

O acadêmico alemão Johannes, Stoeffler fez uma interpretação astrológica que previa um dilúvio e causaria o fim do mundo em 20 de fevereiro de 1524, o que levou o conde Von Iggleheim a construir uma arca. Como o dia previsto amanheceu chuvoso, as pessoas começaram a entrar em pânico e invadiram a arca, o que causou a morte do conde e de alguns populares. Stoeffler não quis admitir o erro e fez nova previsão, então para 1528, mas ele morreu em 1531 e o mundo ainda não havia acabado.

Na mesma época, com base num alinhamento planetário em Peixes, astrólogos londrinos chegaram à conclusão que haveria uma grande inundação no dia primeiro de fevereiro de 1524. Em janeiro, centenas de pessoas abandonaram a cidade, para procurar abrigo em terras mais altas. No dia 2 de fevereiro, elas começaram a voltar para suas casas, que não tinham sido destruídas pelo dilúvio, mas que haviam sido saqueadas por aproveitadores.

Há outros casos e é interessante notar que muitos previram que a destruição se daria pela água, pelo efeito de inundações, enchentes, dilúvios, como aquele da Bíblia, o que já nos faz suspeitar que a astrologia pode ser permeável a fatores externos, principalmente aos dogmas e às crenças do astrólogo.

Acreditamos que a astrologia tem muito a nos oferecer, mais do que os céticos sequer imaginam, mas menos do que alguns querem fazer crer. São muitas as possiblidades, mas há limites e isso não é demérito. A linguagem astrológica é simbólica e as posições planetárias oferecem camadas de interpretação, sem permitir uma interpretação assertiva e inequívoca.

Por isso, não se pode esperar que seja possível abordar todos os assuntos e obter todas as respostas, mas claro que há astrólogos mais precisos que outros e alguns são, de fato, espantosamente certeiros, como Evangeline Adams, que segundo consta teria previsto a própria morte.

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Contudo, não se sabe se tal acuidade preditiva se deve exclusivamente à análise das variáveis astrológicas, ou se podemos atribui-la, pelo menos parcialmente, à intuição, à sensibilidade, à vidência, à mediunidade ou algo assim. O próprio Nostradamus, talvez o mais famoso astrólogo da história, era vidente e fazia uso de uma bacia d´água na qual tinha suas visões. Ou seja, na verdade, não se sabe o que em suas controversas Centúrias é resultado do estudo dos astros, de vidência ou de algum outro recurso.

Seja como for, a astrologia talvez não deva mesmo ser usada como uma espécie de google, uma alexia ou um oráculo universal que tem todas as respostas. A morte é transcendente para o ser humano, um mistério inescrutável que talvez deva permanecer assim.



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