Vinícius, libriano apaixonado
Poesia, música, diplomacia, uísque, 9 casamentos
Mesmo quem não conheceu Vinícius de Moraes provavelmente ouviu, ou vai ouvir, umas de suas músicas, como Chega de Saudade, Tarde em Itapoã e Garota de Ipanema, sucesso mundial, gravada por Frank Sinatra, Cher e Amy Winehouse.Vinícius, libriano apaixonado
É provável que as novas gerações não conheçam Vinícius de Moraes, mas quase certamente já ouviram, ou vão ouvir, uma de suas músicas, como Garota de Ipanema, Rosa de Hiroshima, Insensatez, Chega de Saudade, Eu Sei Que Vou te Amar e tantas outras que fizeram sucesso na voz dos maiores artistas do país.
Marcus Vinícius de Mello Moraes, ou simplesmente Vinícius de Moraes, nasceu no dia 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, às 05 h 10 m, segundo os arquivos do prestigiado site Astro.com. Ele tinha o Sol em Libra e o ascendente no mesmo signo, indicação de sua vertente diplomática e de sua necessidade de se relacionar, características que ele desenvolveu plenamente na tanto na vida pessoal quanto na área profissional.
Basta lembrar que Vinícius seguiu carreira diplomática, chegando a ser vice-cônsul em Los Angeles, em Paris e Montevidéu. e que se casou 9 vezes e teve incontáveis paixões. E o Sol em seu mapa faz trígono com Plutão e quadratura com Netuno, ambos em Câncer, indicação de seu magnetismo, sua imaginação, sua religiosidade e sua veia poética.
Ele tinha Lua na casa 8, em Gêmeos, que aponta para seu notório talento com as palavras, mas também dá pistas de uma relação familiar e uma primeira infância um tanto retraída. Filho de uma pianista e de um funcionário público que também era poeta, mas tão tímido que escondia seus poemas, Vinícius estudou no conservador colégio jesuíta Santo Inácio, onde estudavam os filhos da aristocracia carioca. Lá ele aprendeu que, antes de amar a Deus, devia primeiro temer a Deus.
Poesia, música, diplomacia, uísque, 9 casamentos
Embora tenha mudado radicalmente na idade madura, Vinícius chegou a flertar com o integralismo na juventude, talvez sob influência do ambiente e dos colegas, como afirma seu biógrafo: “Um Vinicius formado na direita, entre verbetes do catolicismo, do integralismo e do fascismo, se opõe agora a um outro Vinicius que começa a se enamorar da esquerda e do socialismo…” (CASTELO,1993, p.117). Tal possibilidade é compatível com a quadratura Sol-Netuno e reforçada por Capricórnio na casa 4 e Saturno em trígono com o Ascendente em seu mapa. Aliás, é curioso notar que, quando Vinícius tinha por volta de 40 anos, Netuno em trânsito fez conjunção com o seu Sol, período durante o qual ele viveu “experiências místicas inexplicáveis”, segundo consta na biografia escrita por José Castelo, (CASTELO,1993, p.156)
E ele tinha Vênus, que representa o amor e o erotismo, a criatividade e os valores, em Virgem, em sextil com Netuno, planeta do vícios, o que podemos associar à sua proverbial queda por álcool. É dele a frase: “O uísque é o cachorro engarrafado”. É um aspecto planetário que também indica seu lirismo mesclado ao popular, sua visão romântica, idealizada e um tanto fantasiosa das relações afetivas.
É fácil supor que os relacionamentos constituíssem um ponto nevrálgico na vida de alguém que se casou 9 vezes e se separou outras tantas. E o fato de Vênus estar enfraquecido na casa 12 e em conjunção com o Nodo e contato tenso com Plutão é uma indicação de que ele buscava prazer na troca afetiva quase compulsivamente, como se fosse possível uma fusão total, perfeita.
O fato de ele se separar com relatividade facilidade talvez possa estar associado ao trígono de Vênus com Urano, que indica uma forma muito original de se relacionar. Dizem que quando se separava, Vinícius não costumava mergulhar no abismo da desventura, simplesmente ia embora, levando apenas o essencial. Tal desapego também é indicado pelo contato harmonioso de Sol com Plutão.
Vinícius de Moraes fez parcerias com grandes nomes como Chico Buarque, Tom Jobim, João Gilberto e Toquinho, que renderam composições que têm lugar de destaque na história da música. Mas ele também foi escritor e deixou trabalhos impregnados de misticismo, com temática social e muitos cujo tema é a mulher, como o que postamos aqui, 12 poemas intitulados a Mulher e os Signos, que foram encomendados pela Revista Manchete e publicados na primeira edição de 1971.
Áries
Branca, preta ou amarela
A ariana zela.
Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E aí, então, fica uma flor:
Cordata… e nada convencida.
Porque o seu dominador
É o amor.
Eu cá por mim não tenho nenhum
Preconceito racial:
Mas sou ariano!
Touro
O que é que brilha sem
Ser ouro? – A mulher de Touro!
É a companheira perfeita
Quando levanta ou quando deita.
Mas é mulher exclusivista
Se não tem tudo, faz a pista.
Depois, que dona-de-casa…
E a noite ainda manda brasa.
Sua virtude: a paciência
Seu dia bom: a sexta-feira
Sua cor propícia: o verde
As flores dos seus pendores:
Rosa, flor de macieira.
Gêmeos
A mulher de Gêmeos
Não sabe o que quer
Mas tirante isso
É boa mulher.
A mulher de Gêmeos
Não sabe o que diz
Mas tirante isso
Faz o homem feliz.
A mulher de Gêmeos
Não sabe o que faz
Mas por isso mesmo
É boa demais…
Câncer
Você nunca avance
Em mulher de Câncer.
Seu planeta é a Lua
E a Lua, é sabido
Só vive na sua.
É muito apegada
E quando pegada
Pega da pesada.
É mulher que ama
Com muito saber
No tocante a cama
Não sei lhe dizer…
Leão
A mulher de Leão
Brilha na escuridão.
A mulher de Leão, mesmo sem fome
Pega, mate e come.
A mulher de Leão não tem perdão.
As mulheres de Leão
Leoas são.
Poeta, operário, capitão
Cuidado com a mulher de Leão!
São ciumentas e antagônicas
Solares e dominicais
ígneas, áureas e sadônicas
E muito, muito liberais.
Virgem
Se Florence Nightingale era Virgem
Não sei… mas o mal é de origem.
A mulher de Virgem aceita a amante
Isto é: desde que não a suplante.
Sexo de consumo, pães-de-minuto
Nada disso lhe há de faltar
O condomínio é absoluto
A virgem é mulher do lar.
Opala, safira, turquesa
São suas pedras astrais
Na cuca, muita esperteza
Na existência, muita paz.
Libra
A mulher de Libra
Não tem muita fibra
Mas vibra.
Quer ver uma libriana contente?
Dê-lhe um presente.
Quando o marido a trai
A mulher de Libra
balança mas não cai.
Se você a paparica
Ela fica.
Com librium ou sem librium
Salve, venusina
Que guarda o equilíbrio
Na corda mais fina.
Escorpião
Mulher de Escorpião
Comigo não!
É a Abelha Mestra
É a Viúva Negra
Só vai de vedete
Nunca de extra.
Cria o chamado conflito
de personalidades.
É mãe tirana
Mulher tirana
Irmã tirana
Filha tirana
Neta tirana.
tirana tirana.
Agora, de cama diz -
que é boa paca.
Sagitário
As mulheres sagitarianas
São abnegadas e bacanas.
Mas não lhe venham com grossuras
Nem injustiças ou censuras
Porque ela custa mas se esquenta
E pode ser muito violenta.
Aí, o homem que se cuide…
– Também, quem gosta de censura!
Capricórnio
A capricorniana é capricornial
Como a cabra de João Cabral.
Eu amo a mulher de Capricórnio
Porque ela nunca lhe põe os próprios.
A caprina é tão ciumenta
Que até os ciúmes ela inventa.
Mulher fiel está aí: é cabra
Só que com muito abracadabra.
Suas flores: a papoula e o cânhamo
De onde vêm o ópio e a maconha
Ela é uma curtição medonha
Por isso nos capricorniamos.
Aquário
Se o que se quer é a boa esposa
A aquariana pousa.
Se o que se quer é uma outra coisa
A aquariana ousa.
Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É mulher macho sim senhor.
Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam para quebrar.
Peixes
Mulher de Peixe… peixe é
Em águas paradas não dá pé
Porque desliza como a enguia
Sempre que entra numa fria.
Na superfície é sinhazinha
E festiva como a sardinha
Mas quando fisga um namorado
Ele está frito, escabechado.
É uma mulher tão envolvente
Que na questão do Paraíso
Há quem suspeite seriamente
Que ela era a mulher e a serpente.
Seu Id: aparentar juízo
Seu Ego: a omissão, o orgulho
Sua pedra astral: a ametista
Seu bem: nunca ser bagulho
Sua cor: o amarelo brilhante
Seu fim: dar sempre na vista