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Os planetas não têm culpa


Todo astrólogo  conhece o caso de Evangeline Adams, astróloga que, em 1914, convenceu um juiz a deixar que ela interpretasse o mapa de uma pessoa que lhe fosse desconhecida, como forma de se defender da acusação de charlatanismo, de "predizer a sorte". O juiz lhe forneceu os dados de seu próprio filho, sem que ela soubesse de quem se tratava. Depois da interpretação, ele a absolveu e declarou que ela elevara a astrologia à categoria de ciência exata.  É um caso sempre usado em defesa da astrologia e tornou célebre a astróloga que teria também previsto a Segunda Guerra Mundial e a própria morte.

De fato, às vezes, a leitura é tão precisa que nos faz esquecer qualquer resquício de dúvida. Uma espécie de conexão se estabelece entre astrólogo e cliente, possibilitando a compreensão da representação simbólica e formando as zonas de intersecção necessárias. É quando a interpretação flui e a consulta  se torna reciprocamente produtiva e gratificante.  Quem tem a mínima experiência em atendimento sabe do que estou falando.

O problema é que parece que isso pode ocorrer mesmo quando a interpretação é feita com base em dados incorretos. Tempos atrás, soube que uma pessoa que conheço havia descoberto que o astrólogo com quem ela se consultava há anos havia se esquecido de considerar o horário de verão. As interpretações haviam se baseado no mapa de alguém nascido uma hora antes, mas não no mapa daquela pessoa. É um caso de identificação projetiva, processo no qual a pessoa adapta o que está ouvindo à sua própria percepção da realidade, com a ajuda, consciente ou não, do astrólogo, o que confirma a possibidade de um astrólgo fazer uma interpretação precisa, mesmo quando usa dados incorretos.  

E há um tipo de consulta que também representa uma desafio para qualquer astrólogo: a consulta estéril, que é quando a astrologia não funciona, ou parece não funcionar. Qualquer astrólogo com o mínimo de autocrítica deve admitir, mesmo que secretamente, que já teve algum caso cuja interpretação não provocou ressonância no cliente. Felizmente, tive alguns poucos. Eu ficava tentando entender como este ou aquele aspecto de marte estava se manifestando, em que frequência o cliente estava usando tal trânsito de saturno, mas não havia interação com o cliente e a leitura se tornava cada vez mais árida e difícil. Eu me perguntava se o horário informado estava correto, na verdade, até hoje fico desconfiado quando um cliente me diz que nasceu às 07h00, às 12h00 ou às 23h00. Claro que alguém pode nascer em uma hoira cheia, mas sempre me parece algo meio duvidoso. O fato é que não posso afirmar que fosse esse o problema. 

São questões espinhoas para a comunidade astrológica, mas. talvez por uma necessidade atávica de defesa, os astrólogos em geral preferem evitá-las e adotam uma postura de afirmação corporativa, com auto-elogios e afagos recíprocos. Um amigo costuma dizer que basta ocorrer um terremoto e logo os astrólogos começam a “prever o passado”, publicando comentários sobre as indicações “claras” do evento, mesmo que ninguém tenha se arriscado publicamente a alertar para o perigo iminente antes da catástrofe. Conheço astrólogos que ignoram as interpretações e previsões equivocadas, atribuindo a culpa dos insucessos aos clientes, alegando que os mesmos teriam feito uso incorreto do livre arbítrio, etc. Evangeline Adams costumava dizer que quando a interpretação não funciona, o problema é do astrólogo, e não da astrologia. Acho que ela tinha razão.



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